Essa semana a Secretaria de Meio Ambiente entregou ao Ministério Público o relatório final que aponta as possíveis causas de mortandade de peixes em dois eventos ocorridos em dezembro do ano passado no arroio Castelhano.
Nesse relatório há uma série de informações, inclusive as análises de água e dos peixes que foram realizadas durante a mortandade, a análise de água realizada em 1999 e 2000, análises de água fornecidas pela Corsan, relatório de vistoria ao arroio, relatório de vistorias a empresas e atendimento a denúncias, entre outros.
Através dos dados levantados traçou-se uma análise criteriosa tentando esclarecer as possíveis causas para a mortandade, com o objetivo de identificar esses fatores e quem os teria produzido.
Desde o ocorrido, muitos esperam ansiosamente pela conclusão do relatório para a identificação e punição do ou dos culpados pelo crime. Essa seria a solução mais simples, mas objetiva e pontualmente sanada.
O fato é que, após diversas avaliações, não foi encontrado o culpado, ou melhor, UM culpado. Todos os fatores apontam para um conjunto de fatores que, somados à falta de tratamento de esgoto, possivelmente tenham desencadeado os eventos. Fatores como altas temperaturas, alterações na vazão do arroio (seja pela estiagem ou a retirada irregular de água do mesmo), aumento de peixes pelo evento da Piracema e conseqüente diminuição drástica do Oxigênio Dissolvido na água são as causas mais prováveis para a morte súbita desses animais. Nesse caso, a culpa é compartilhada e difusa e nada garante que não possa voltar a ocorrer.
Apesar das recorrentes agressões que sofre diariamente nosso Castelhano ele continua tentando manter-se vivo e em condições mínimas para garantir a existência de vida no arroio. A mortandade trouxe, ainda que por vias tortas, um pouco mais de informações sobre a diversidade de peixes que habita suas águas e, de certa forma, despertou a atenção de alguns cidadãos mais comprometidos com sua conservação.
Em vistoria feita ao arroio, de barco, foi possível ver o estado em que se encontra o Castelhano e as diversas agressões que sofre ao longo de seu percurso. Não é preciso ir até lá para constatar o que estamos falando, basta observar a imagem de satélite disponível na internet. As margens estão degradadas. Há locais onde não há qualquer vegetação. Esse é mais um dos problemas que teremos de enfrentar. É imperativo que os proprietários das margens do arroio façam a recuperação da mata ciliar que, por lei e para a própria manutenção do arroio, deve ser de 30 metros em cada margem. Essa zona chamada de área de preservação permanente (APP) tem como objetivo evitar erosão, assoreamento, diminuir o material carreado para o arroio e permitir que haja vida tanto nas margens quanto no próprio arroio que também depende do ambiente externo.
Há quem defenda o abandono do Castelhano por considerá-lo morto. Esse tema já foi debatido diversas vezes. Nós da Semma pensamos o contrário. O Castelhano está vivo e precisando de socorro e cabe ao poder público e a cada cidadão tomar providências para ajudá-lo. A maior delas deve começar ainda esse ano, que é a instalação de rede cloacal, mas caberá a cada um colaborar com esse processo. Outras atitudes simples como separar o lixo corretamente certamente refletirão na recuperação do arroio. A Semma trabalhará arduamente, mas espera poder contar com a participação de todos.
(Bióloga Mariana Faria Corrêa)
29 de fev. de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)