Tudo o que se refere a ecologia está na moda. Casas ecológicas, roupas ecológicas, sacolas ecológicas. Se pararmos para pensar muitas vezes essas palavras são apenas slogans e as ações, na realidade, pouco ou nada ajudam na conservação do meio ambiente.
Um dia desses me ofereceram uma sacola ecológica, uma dessas de pano, pra usar no supermercado. A idéia é bem interessante, já tinha visto em muitos lugares, até já tinha algumas, achei a sacola bonita e resolvi comprar. Após pagar um preço, até que simbólico, me entregaram a sacolinha ecológica... a menina da loja me entregou a sacola com um ar de satisfação, uma sacolinha de pano, dobradinha... dentro de uma embalagem plástica, dentro de uma sacolinha plástica. Foi bem estranho...
Mas de uma maneira até comovente, as pessoas, em geral, se sentem, por assim dizer, ecológicas...e não há como culpá-las. Entre o desejo e a realidade há um enorme abismo que muitos preferem não enxergar e o mundo, e suas retumbantes repetições, as fazem acreditar que estão no caminho certo ao comerem arroz integral.
Encaremos o fato de que viver mais harmoniosamente com a natureza dá algum trabalho. Separar lixo, por exemplo, é, na teoria, algo simples, mas, na prática, você pensa no que está fazendo ao fazê-lo? E ao comprar um produto? Você para e pensa a origem dele, a forma como foi fabricado, o tipo de embalagem e seu destino? Ou basta que ele esteja em uma prateleira de promoções?
Na verdade, essa coluna está longe de ser uma crítica. Todos somos assim, e viver “integralmente” é muito mais difícil do que parece. Abrir mão de carro? Refrigerante ligth? Luz elétrica? Um bom banho quente? Quem em sã consciência se submeteria? Mesmo sabendo dos impactos? Dos animais mortos? Das áreas desmatadas? Algumas pessoas têm esse dom, a maioria não. Então, quem sabe, fazer uma mea culpa e admitir sim que, enquanto algumas coisas são destruídas nós vamos prosperando e, como seres da natureza, somos os animais causadores dos maiores e mais inimagináveis impactos e que temos a capacidade de transformar tudo (ou quase tudo) ao nosso redor. Somos seres incrivelmente astutos e potentes e, assim sendo, temos uma grande capacidade destrutiva, voraz até... mas, por outro lado, essa mesma capacidade que temos de ferir também temos de acarinhar. A energia que usamos para destruir poderia, se por vontade fosse, ser transformada, em algo mais... ou em algo menos.
Sem parecer piegas, não estou falando em plantar mudinhas de árvores em praça pública, nem distribuir folders que, invariavelmente têm o mesmo fim que todas as embalagens, estou propondo um exercício tão simples que, de tamanha simplicidade chega a ser complexo... pensar. Pensar antes e, quando não há mais tempo, refletir depois... e aprender com isso.
“Grilos falantes” seriam bons presentes de natal, ainda que fosse necessário ter certeza de que eles estão do lado “certo”. Mas na ausência deles no mercado, usemos o que já dispomos, ou deveríamos dispor: a consciência, a tolerância e os bons modos.
Então, o que posso desejar para esse 2009 – ou dois mil INOVE – é que cada um, ao seu modo, tente, de verdade, fazer a sua parte, reveja seus conceitos, suas atitudes, suas crenças, busque informações, tenha a humildade de aprender, leia mais, converse mais, observe mais e veja onde se encaixa nessa dança maluca que é viver em comunidade nesse Planeta. A Semma e toda a sua equipe está à disposição para fazer parte disso e contamos com você.
Que 2009 seja um ano de boas mudanças.
Mariana Faria-Corrêa
bióloga Semma
5 de jan. de 2009
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