2 de fev. de 2009
Bugios e febre amarela - eles são as vítimas, não os vilões
Todos devem estar acompanhando as notícias sobre o aumento da incidência de casos de febre amarela no Estado do Rio Grande do Sul e a crescente ocorrência de morte de primatas, a maioria bugios, em alguns Municípios. Se fala em epizotia, ou seja, doença que afeta, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, grande número de animais da mesma espécie, já que em vários casos diversos primatas morreram e houve a confirmação do arbovírus causador da febre amarela. As pessoas estão alarmadas, o que é natural, mas é preciso que se esclareçam alguns pontos muito importantes.
Essa semana participei de uma videoconferência realizada pelos técnicos da Secretaria de Saúde do Estado que estão trabalhando com essa questão e esclareceram para todas as regionais diversos pontos de grande importância.
Em primeiro lugar, no que diz respeito a Venâncio Aires não há, até o momento, com que se preocupar, já que o município não está na área de risco (região afetada), nem nas áreas adjacentes (região ampliada). Sendo assim, a menos que a pessoa vá viajar para as áreas afetadas e vá para áreas rurais dessas regiões precisa realmente imunizar-se. Caso essa situação se altere, boletins diários estão sendo divulgados e, certamente, a população será informada.
Como bióloga, outro ponto tem me causado bastante preocupação. Já se tem o registro de quase mil bugios mortos em todo Estado desde outubro de 2008. Nem todas as mortes foram confirmadas como sendo causadas por febre amarela, mas, de qualquer maneira, para uma espécie ameaçada de extinção, é, sem sombra de dúvida, um número significativo. Não bastasse isso, ainda temos visto uma má divulgação desse assunto colocando esses animais como culpados por essa situação. Deve ficar bem claro que os bugios são vítimas da febre amarela e que estão sendo dizimados. Perseguí-los, matá-los, capturá-los de nada adianta no combate a uma possível epidemia, visto que os vetores são, de fato, os mosquitos – no ciclo urbano os mesmos mosquitos transmissores da dengue. Enquanto houver focos de mosquito e condições ambientais favoráveis para sua proliferação, haverá a disseminação da doença. Os bugios estão morrendo, sem defesa. Suas populações estão ameaçadas e, sua morte, ainda tem servido para nos alertar para as zonas de maior risco para as populações humanas. Há quem os compare com sentinelas, é o que eles estão fazendo, mas não para o próprio bem. Sendo assim, é obrigação de todos zelar por esses animais que já sofrem com tantas outras ameaças como a destruição de seus habitats, a caça, a morte por eletrocussão, o ataque de cães, entre tantas outras.
Ainda que não haja evidência da existência de febre amarela no Município, é sempre bom lembrar que eventuais encontros com primatas mortos ou debilitados devem ser imediatamente comunicados à Secretaria de Meio Ambiente (3983-1034) ou Vigilância Sanitária (3983-1054) para providências e análises. Os animais nunca devem ser removidos e o manejo deve ser feito apenas por pessoas especializadas.
Bióloga Mariana Faria-Corrêa
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2 comentários:
Olá, Mariana!
Cheguei até o seu Blog através do Prof. James Pizarro http://antesqueanaturezamorra.blogspot.com
Na verdade, ouvi dizer, de alguns agricultores da região compreendida entre Passo Fundo e Cruz Alta, que muitos bugios estão sendo mortos pelo simples fato de serem considerados "uma praga" na opinião dos próprios produtores locais. Então, fico a pensar se estes indicadores de bugios mortos são considerados para o "ALERTA DA FEBRE AMARELA", que, se sim, neste caso, estaria ocorrendo um falso sinal.
Bom, não sei, pois tenho muito pouco conhecimento na área.
Marcelo Soriano
http://www.soriano.blog.br
http://www.soriano.blog.br/neologicas
Marcelo,
até onde sei, a Secretaria de Saúde do Estado apenas confirma os casos de febre amarela após análise de material dos animais mortos. Só entram na conta animais cujas causas foram comprovadas. Entretanto muitos outros bugios estejam sendo mortos, sim, por medo e ignorância, o que agrava ainda mais a crítica situação em que se encontram.
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