16 de fev. de 2009

Podemos ensinar aos nossos filhos respeito e amor pela natureza


Maira admirando uma perereca


Maira cuidando de ovinhos de cobra

Sempre gostei de plantas e animais. Apesar de ter sido criada a minha vida inteira em apartamento, em uma cidade grande, lembro de ter tido bastante contato com plantas e animais desde que me entendo por gente. Claro que não estou falando de vacas e ovelhas, nem macacos e lontras. Convivi com animais mais modestos, aranhas, besouros, lesmas e plantas em vasos na sacada, amoreiras que davam, no máximo, dez amoras por ano e, por isso mesmo, eram muito aguardadas e apreciadas. Meus pais me ensinaram a valorizar e respeitar essas coisas. Cuidávamos de passarinhos machucados, borboletas feridas, salvávamos aranhas. Bicho era bicho, não tinha bicho mau, bicho bom... (fora as baratas, que ainda acho meio nojentas). Depois que eu cresci me tornei bióloga, casei com um biólogo e hoje temos uma filha de três anos totalmente adaptada ao nosso estilo de vida. Mas essa coluna não é pra contar a história da minha vida, é para refletir sobre como a criação dos filhos reflete diretamente na forma como eles passam a ver a vida logo a seguir. Desde que entrei na faculdade comecei a trabalhar com crianças pequenas com o projeto “Abra os olhos para o Mundo!”. A proposta desse trabalho era colocar as crianças em contato direto com elementos da natureza: pequenos animais, plantas, sementes. O que vimos é que algumas crianças de dois, três anos demonstravam ter muito medo de contato com os animais, mas não sabiam o porquê. Na medida em que viam seus coleguinhas tranquilos se relacionando com eles, permitiam-se participar da experiência e, em pouco tempo, não mais apresentavam qualquer receio em manipulá-los. Quando conversávamos com seus pais víamos logo que eles próprios tinham receio e desconhecimento sobre reais perigos de permitir esse contato e não só não permitiam como as assustavam nas vezes em que isso poderia acontecer. Essa atitude dos pais é bastante comum e presenciamos muitas vezes no nosso dia-a-dia. Mas, se pararmos para pensar, veremos que esse comportamento não só é pouco produtivo, pois perpetua um ciclo de medo e desconhecimento, como não permite que essas crianças tenham um contato mais íntimo com o ambiente que as cerca, tornando-o algo a se temer quando, na verdade, poderia ser um espaço para aprendizagem, admiração, vivência e contemplação. Certamente que não estou defendendo aqui largar nossas crianças no jardim. Toda experiência requer conhecimentos e cuidados e, certamente, supervisão. Assim, como ensinamos que as crianças não devem chegar perto do fogão, pois podem se queimar, ensinamos que aranhas podem ser perigosas e, na dúvida, não devemos tocá-las, mas, sim, podemos observá-las sem entrar em pânico ou sair esmagando-as com chinelos. Crianças que se relacionam positivamente com a natureza são crianças mais felizes e mais saudáveis e certamente crescerão respeitando a natureza de maneira genuína e não precisarão aprender isso forçadamente em aulinhas de educação ambiental.
Bióloga Mariana Faria-Corrêa

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