O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, tem-se tornado preocupação crescente e já é encarado como epidemia no País. O Rio Grande do Sul não é um Estado livre da doença, tendo registrado diversos casos em 2007. De acordo com o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, o Rio Grande do Sul possui 59 municípios com o mosquito Aedes aegipti e a volta dos meses quentes são preocupantes, pois são mais propícios à proliferação do mosquito.
Para somar esforço no combate ao mosquito transmissor Alessandra Laranja, uma bióloga pesquisadora da UNESP, estudou uma solução alternativa considerada bastante prática eficaz: o uso de borra de café. Alessandra a dissertação "O efeito da cafeína e da borra de café em Aedes aegypti", onde demonstra que, em quantidades adequadas, a borra e a cafeína são capazes de bloquear o crescimento das larvas do mosquito. Segundo esse estudo, quanto maior a concentração de cafeína, mais precoce é o bloqueio. Da mesma forma a borra de café também mostrou sua eficácia.Essa descoberta é de extrema importância não apenas no que diz respeito ao controle da doença mas também diante do potencial extremamente tóxico dos inseticidas organofosforados granulados usados no controle dos mosquitos e que sabidamente oferecem risco para crianças, animais domésticos e plantas.
O ciclo do mosquito e a pesquisa
O ciclo do Aedes aegypti compreende as fases de ovo, larva, pupa e adulto. Em laboratório, a cafeína utilizada na concentração de 500 microgramas por mililitro de água bloqueou o desenvolvimento do mosquito já na fase de larva, impedindo-o, portanto, de chegar à fase adulta.Tanto a cafeína quanto a borra de café alteram as enzimas esterases, responsáveis por vários processos fisiológicos do mosquito, como o metabolismo hormonal, a transmissão do impulso nervoso, a digestão e a reprodução. A cafeína também reduziu a longevidade dos mosquitos adultos, especialmente das fêmeas, responsáveis pela transmissão do vírus da dengue. As larvas do Aedes aegypti se desenvolvem em águas paradas, limpas ou sujas, e se alimentam das partículas nelas encontradas. Na fase do acasalamento, para garantir o desenvolvimento dos ovos, as fêmeas necessitam de sangue. É nessa fase que ocorre a transmissão das doenças. A fêmea pica uma pessoa infectada, mantém o vírus na saliva e o retransmite indefinidamente.
Benefícios do uso da borra do café
Não há família brasileira que não faça café pelo menos uma vez ao dia. E o que fazemos com a borra e a sobra de café? Pois bem... estudos mostram que o café é um excelente fertilizante para plantas e pode ser usado na rega das mesmas, aliado a isso também há o controle do mosquito da dengue de forma não agressiva e não tóxica. A borra diluída em água pode ser usada em bromélias, a borra pura pode ser usada diretamente nos pratinhos (lembrando que o melhor é não ter pratinhos!). E o custo disso tudo? ZERO!
As autoras do estudo destacam em seu artigo: "A borra do café pode ser usada nos criadouros domésticos de Aedes, que são, principalmente, vasos de plantas e bromélias, sem o risco de matá-las, pois inclusive, é usada, por algumas pessoas, como adubo. A borra pode ser espalhada sobre a terra do vaso, porque, mesmo uma fina película de água que se forme sobre essa terra serve de criadouro do mosquito. A borra pode, ainda, ser colocada dentro do "copo" que se forma no interior das bromélias, onde se acumula a água. E também pode ser colocada nos pratos dos vasos".
Como preparar
Quanto mais concentrada for a mistura, melhor. Os estudos comprovaram que duas colheres de chá de borra diluídas em meio copo de água já é o suficientes para impedir o crescimento do mosquito na segunda fase (de quatro) do seu ciclo.
Para saber mais:
http://www.ibilce.unesp.br/departamentos/bio/laboratorio/vetores/borra_cafe.html
(Bióloga Mariana Faria Corrêa)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário