Há algum tempo vem-se dando destaque aos assuntos relacionados ao meio ambiente aqui na Folha do Mate. Mais agora com essa coluna quinzenal em que a Semma possui um espaço para divulgar informações, esclarecimentos. Já abordamos vários assuntos: fauna, poluição, arborização pública. A informação está por toda a parte. Hoje em dia não é mais possível dizer que desconhecemos o que é certo e o que é errado, o que pode, o que não pode. Diariamente somos bombardeados com informações, no jornal, na televisão, na rádio, na internet, nas escolas. A disseminação é geral e o acesso é livre. Mas porque mesmo assim nos deparamos com situações ilícitas a todo o momento? Não estou falando de bandidos, malfeitores. Estou falando de pessoas comuns, como eu ou você. Se fizéssemos as seguintes perguntas a qualquer pessoa, adulta ou criança, a resposta estaria na ponta da língua: podemos ter animais silvestres em casa? Cortar árvores sem autorização? Desviar sangas? Poluir os rios? Queimar as propriedades? Caçar sem licença? Jogar nosso esgoto direto na água? Todas as perguntas seriam respondidas com um não, firme e forte. Mas porque, então, não agir com os mesmos princípios no dia-a-dia? As atitudes isoladas têm mais repercussão do que se pode imaginar. Veja o caso da manutenção de um animal silvestre comprado ilegalmente. Apesar de bem cuidado, ele trás consigo uma história de maus tratos e morte para diversos outros que não suportaram as condições impostas pelos traficantes. Outros exemplos? O nosso lixo, que poderia ser reaproveitado, reciclado, não é separado adequadamente e, quando é, não é colocado nos dias corretos da coleta seletiva, isso quando não vai parar no chão, nos rios, em terrenos baldios. Todos gostamos das florestas, da natureza, mas quando pensamos nela lembramos da Amazônia e lamentamos o seu desmatamento, mas não olhamos para o pouco que sobrou da nossa e não nos importamos em derrubar uma ou outra árvore, mesmo que seja uma árvore ameaçada como a araucária (pinheiro). As coisas vão muito bem enquanto não as enxergamos de verdade. Por experiência própria posso dizer o quanto é triste receber semanalmente animais feridos, maltratados, órfãos que, invariavelmente morrerão em minhas mãos ou, na melhor das hipóteses, serão mandados para o cativeiro. É triste ver árvores antigas, muitas vezes mais antigas do que nós, que presenciaram o passar dos tempos, a evolução dos homens e que hoje servem de abrigo para muitos animais e plantas, serem derrubadas para virar lenha ou um bonito assoalho. E não é que não precisemos delas (em forma de árvore ou em forma de tábua), mas há de se pensar (sempre) se não há uma alternativa melhor para tudo o que fazemos. Talvez a forma como viviam nossos avós não seja mais compatível com os tempos de hoje. Quem sabe a grande mudança se dê no momento em que as pessoas começarem a enxergar de verdade o que está ao nosso redor? Assim como no livro do Saramago “Um ensaio sobre a cegueira”, pode ser preciso que todos nós fiquemos completamente cegos por um tempo para vermos a realidade crua e triste que estamos criando. Talvez você ache que não seja nada disso e que tudo que está escrito aqui seja apenas um discurso piegas ou demasiadamente romântico. Você é quem sabe... mas não me importo de correr esse risco. Se alguém se sensibilizar, um pouco que seja, já será um ganho. E alguém poderia me perguntar o que eu tenho feito pela conservação do meio ambiente? Bom, eu e minha família tentamos fazer a nossa parte, vivendo de acordo com o que defendemos, mas, principalmente, transmitindo esses valores para nossa filha que, desde bebê, testemunha a realidade dos maus tratos e descaso com a fauna silvestre. (Bióloga Mariana Faria-Corrêa)
30 de jan. de 2007
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